"O barulho é a tortura do homem de pensamento" (Schopenhauer)

segunda-feira, 26 de março de 2012

Noise is one of the great underappreciated health hazards of our time

Noise is no minor nuisance. It is one of the great underappreciated health hazards of our time—the secondhand smoke of our ears.
Noise pollution doesn't get the attention of A-list diseases, but there are a few crusaders raising their voices against the onslaught. One of them is Arline Bronzaft, a professor emeritus at the City University of New York.
What's the problem with this high-decibel world? "The most obvious one is hearing loss," Dr. Bronzaft says. Some 26 million adults are walking around with noise-induced hearing loss, according to the Centers for Disease Control and Prevention.
Noise also has a surprisingly potent effect on our stress level, cardiovascular system and concentration. In Paleo times, a loud noise signaled a threat, so noise triggers the release of the stress hormone cortisol, which raises blood pressure.
A University of British Columbia review of 6,300 people who work in noisy jobs found that they suffer two to three times more heart problems than those who work in quiet settings. A former World Health Organization official estimates (with a bit of alarmism) that noise-induced strain may cause 45,000 deadly heart attacks a year.
Noise also wreaks havoc on the brain. Dr. Bronzaft conducted a landmark study at a public school in Manhattan's Washington Heights neighborhood, published in the journal Environment and Behavior in 1975. Some of the classrooms directly faced an elevated subway track. Every five minutes the students heard a train rattle by. Other classrooms were tucked on the opposite side of the building, away from the noise. The difference? By the sixth grade, the kids on the noisy side were nearly a year behind. Since then, her conclusions about the effects of noise on concentration have been backed up by a pile of other studies, on both students and adults.
Adapted from (and more info at) The Wall Street Journal

sexta-feira, 23 de março de 2012

Ruído dos navios causa “stress crónico” nas baleias

O ruído causado pelo tráfego marítimo causa “stress crónico” nas baleias, revela um estudo de investigadores norte-americanos. Os investigadores aperceberam-se da ligação direta entre o ruído e os níveis hormonais nas baleias relacionados com o stress durante a paragem brusca do tráfego marítimo causada pelos atentados do 11 de Setembro de 2001, nos Estados Unidos.

O essencial desta poluição sonora tem origem nas hélices e motores dos navios comerciais e situa-se “em frequências baixas, entre os 20 e os 200 Hertz”. O problema é que estas frequências também são utilizadas pelas baleias para comunicarem entre si, segundo o estudo publicado na revista Proceedings of the Royal Society B.

“Mostrámos que as baleias que vivem em oceanos com elevados níveis de ruído causado por navios têm stress crónico, como resposta”, disse Rosalind Rolland, principal autora do estudo e investigadora do Aquário de Nova Inglaterra, em Boston, citada pelo jornal The Guardian.

Os especialistas já tinham demonstrado que o ruído obrigava as baleias-francas a aumentarem a amplitude e frequência dos seus sinais de comunicação, a modificarem o seu comportamento e, por vezes, a mudar de habitat. No entanto, ainda não se sabia se o ruído tinha, ou não, um impacto biológico significativo e duradouro junto destes cetáceos.

Redução significativa do ruído

Algumas semanas antes dos atentados do 11 de Setembro, os cientistas realizaram uma campanha de estudo das baleias-francas do Atlântico Norte (Eubalaena glacialis) que, todos os anos, se juntam na Baía de Fundy, no Canadá, para alimentar as suas crias.

Nos dias seguintes aos atentados, as autoridades marítimas locais confirmaram uma queda acentuada do tráfego de navios comerciais. Segundo os investigadores, a intensidade do ruído de fundo nas águas da baía de Fundy baixou 6 decibéis, com uma redução significativa do ruído abaixo dos 150 Hertz. Ao mesmo tempo, análises aos excrementos das baleias revelaram uma queda forte de glucocorticóides, hormonas segregadas pelos vertebrados em resposta a situações de stress. Análises semelhantes foram realizadas até 2005, sem que se tivesse voltado a registar uma tal diminuição de glucocorticóides.

“Na nossa opinião, não existe nenhum outro fator que afeta a população [de baleias] que possa explicar esta diferença entre a redução do tráfego marítimo e a poluição sonora submarina depois do 11 de Setembro”, concluem os autores da investigação.

Os efeitos biológicos do stress crónico nas baleias estão ainda pouco estudados mas sabe-se que a produção continuada de glucocorticóides nos vertebrados tem efeitos negativos na saúde (problemas de crescimento, no sistema imunitário e no sistema reprodutivo).

Nos últimos 50 anos, a prospecção petrolífera, os sonares militares e o aumento do tráfego marítimo têm feito aumentar a poluição sonora submarina. “A boa notícia nisto tudo é que este é um problema com solução”, disse Rolland, lembrando que o ruído dos navios se deve, muitas vezes, a defeitos nos motores das embarcações. Actualmente, a União Europeia e a Organização Marítima Internacional estão a estudar formas de reduzir o ruído nos oceanos.

Informação acedida em: Público

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quinta-feira, 15 de março de 2012

Descoberta de um bioquímico português na Universidade de Yale abre caminho para travar surdez

Uma equipa de cientistas da Universidade de Yale liderada pelo jovem bioquímico português Nuno Raimundo desvendou o processo da perda de audição, através da manipulação genética de cobaias, abrindo caminho a um tratamento para a surdez.

A descoberta do mecanismo molecular que leva à surdez é narrada na última edição da "Cell", uma das três principais revistas científicas internacionais a par da "Nature" e "Science", e vem demonstrar que "ao contrário do que se pensava até agora, a perda de audição não é irreversível", afirmou à Lusa o cientista de 35 anos. As células responsáveis pela audição "estão lá, só não estão a funcionar bem, não estão mortas" e podem ser reativadas "manipulando duas proteínas fundamentais farmacologicamente", dentro do ADN."

Se [a perda de audição] não é tratada, à medida que passam anos - este é um problema muito comum, sobretudo nos seniores - pode tornar-se irreversível. [A descoberta] abre algumas janelas de possibilidade terapêutica. Pode vir a reduzir a incidência ou travar", adiantou à Lusa o cientista, pós-doutorando em Yale.
O estudo demonstra que a remoção de uma molécula conhecida como "superóxido" evita a morte de células críticas para a audição e identifica várias outras moléculas que podem servir de alvos terapêuticos.

Raimundo afirma que vai continuar nesta linha de investigação no próximo ano, nomeadamente "para perceber exatamente quando algumas células [responsáveis pela audição] morrem, como morrem". Já existem medicamentos no mercado que atuam sobre algumas das proteínas em causa, mas têm sido utilizadas para tratar outras doenças, pelo que Raimundo estima que um tratamento específico para este problema levará "nunca menos de 10 anos". "Do momento em que se identifica uma proteína ligada a uma doença até se conseguir acertar com o medicamento certo, as quantidades, tudo exige tempo. Uma coisa é tratar ratinhos, outra pessoas", adiantou o cientista à Lusa. Mas a perda de audição "afeta milhões e milhões de cidadãos" e Raimundo acredita que não faltarão farmacêuticas interessadas em desenvolver um medicamento.

Licenciado em bioquímica em Lisboa, onde chegou a dar aulas, Raimundo rumou à Finlândia para trabalhar em investigação genética e daí veio para a prestigiada Universidade de Yale em 2008, especificamente para o projeto de estudo da surdez. O seu objetivo mais vasto é estudar a relação entre a célula e um órgão essencial destas, os mitocôndrios, as "baterias onde se gera a energia química que mantém as células a funcionar" e cuja "avaria" está ligada a problemas de coração, fígado ou músculos.

Notícia acedida em RTP

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sábado, 10 de março de 2012

Ruído provocado pelo homem fragmenta populações de aves

Pesquisadores da área de zoologia da Universidade de Salamanca analisaram durante os últimos oito anos o canto das diversas aves passeriformes na Espanha e no Brasil. Em algumas espécies, o canto é fundamental para a defesa de território e para atrair um companheiro. No entanto, o ruído provocado pelo homem tem vindo a alterar o seu modo de comunicação. Desta forma, as aves necessitam de se adaptar às circunstâncias, contudo, tem-se verificado situações em que indivíduos de uma mesma espécie, mas de diferentes regiões, encontram dificuldades para comunicar entre si. Ou seja, o homem tem vindo a promover a fragmentação dentro destas populações.

“A nossa premissa é de que, se existe um grande ruído ambiental, as aves modificam o seu canto com uma amplitude de frequências distinta, tons mais altos ou mais baixos, para que outros congéneres as possam escutar”, explica Salvador Peris, professor catedrático de Biologia Animal da Universidade de Salamanca.

Os trabalhos focaram-se em espécies de melro (Turdus) e corruíra (Troglodytes) no estado brasileiro do Pará, região do Amazonas, bem como na província de Salamanca. “Existem populações dentro de uma mesma espécie tão separadas pelo canto que podem chegar a nunca se encontrar.” Afirma que estamos diante de uma fragmentação das populações devido ao ruído produzido pela mão humana. Neste sentido, é possível que um melro de uma cidade da Espanha possa ser incapaz de comunicar-se com um do campo. “A isto chamamos mutação cultural, que é mais rápida que a mutação genética”, indica Peris, “e resulta na fragmentação das populações”.

A equipa da Universidade de Salamanca analisou questões concretas como a flutuação de populações de aves na província de Salamanca em estradas com distintos níveis de tráfego, comprovando que os lugares ruidosos afetam a presença destes animais. Dentre as espécies cuja população descendeu estão as aves migrantes transaarianas, que “têm repertórios de canto mais complexos e, portanto, o ruído ambiental afeta-as mais”, indica o especialista. Outras espécies, como pardais, tentilhões e serines “suportam melhor o ruído ambiental”, especialmente as denominadas aves urbanas, como os estorninhos, que são capazes de “modificar rapidamente seu canto, de um ano para outro”.

Adaptado de DiCyT

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