“A nossa premissa é de que, se existe um grande ruído ambiental, as aves modificam o seu canto com uma amplitude de frequências distinta, tons mais altos ou mais baixos, para que outros congéneres as possam escutar”, explica Salvador Peris, professor catedrático de Biologia Animal da Universidade de Salamanca.
Os trabalhos focaram-se em espécies de melro (Turdus) e corruíra (Troglodytes) no estado brasileiro do Pará, região do Amazonas, bem como na província de Salamanca. “Existem populações dentro de uma mesma espécie tão separadas pelo canto que podem chegar a nunca se encontrar.” Afirma que estamos diante de uma fragmentação das populações devido ao ruído produzido pela mão humana. Neste sentido, é possível que um melro de uma cidade da Espanha possa ser incapaz de comunicar-se com um do campo. “A isto chamamos mutação cultural, que é mais rápida que a mutação genética”, indica Peris, “e resulta na fragmentação das populações”.
A equipa da Universidade de Salamanca analisou questões concretas como a flutuação de populações de aves na província de Salamanca em estradas com distintos níveis de tráfego, comprovando que os lugares ruidosos afetam a presença destes animais. Dentre as espécies cuja população descendeu estão as aves migrantes transaarianas, que “têm repertórios de canto mais complexos e, portanto, o ruído ambiental afeta-as mais”, indica o especialista. Outras espécies, como pardais, tentilhões e serines “suportam melhor o ruído ambiental”, especialmente as denominadas aves urbanas, como os estorninhos, que são capazes de “modificar rapidamente seu canto, de um ano para outro”.
Adaptado de DiCyT
Imagem acedida em http://ddasari.com/wordpress/wp-content/uploads/2011/04/birdCity.jpg
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