"O barulho é a tortura do homem de pensamento" (Schopenhauer)

quinta-feira, 15 de março de 2012

Descoberta de um bioquímico português na Universidade de Yale abre caminho para travar surdez

Uma equipa de cientistas da Universidade de Yale liderada pelo jovem bioquímico português Nuno Raimundo desvendou o processo da perda de audição, através da manipulação genética de cobaias, abrindo caminho a um tratamento para a surdez.

A descoberta do mecanismo molecular que leva à surdez é narrada na última edição da "Cell", uma das três principais revistas científicas internacionais a par da "Nature" e "Science", e vem demonstrar que "ao contrário do que se pensava até agora, a perda de audição não é irreversível", afirmou à Lusa o cientista de 35 anos. As células responsáveis pela audição "estão lá, só não estão a funcionar bem, não estão mortas" e podem ser reativadas "manipulando duas proteínas fundamentais farmacologicamente", dentro do ADN."

Se [a perda de audição] não é tratada, à medida que passam anos - este é um problema muito comum, sobretudo nos seniores - pode tornar-se irreversível. [A descoberta] abre algumas janelas de possibilidade terapêutica. Pode vir a reduzir a incidência ou travar", adiantou à Lusa o cientista, pós-doutorando em Yale.
O estudo demonstra que a remoção de uma molécula conhecida como "superóxido" evita a morte de células críticas para a audição e identifica várias outras moléculas que podem servir de alvos terapêuticos.

Raimundo afirma que vai continuar nesta linha de investigação no próximo ano, nomeadamente "para perceber exatamente quando algumas células [responsáveis pela audição] morrem, como morrem". Já existem medicamentos no mercado que atuam sobre algumas das proteínas em causa, mas têm sido utilizadas para tratar outras doenças, pelo que Raimundo estima que um tratamento específico para este problema levará "nunca menos de 10 anos". "Do momento em que se identifica uma proteína ligada a uma doença até se conseguir acertar com o medicamento certo, as quantidades, tudo exige tempo. Uma coisa é tratar ratinhos, outra pessoas", adiantou o cientista à Lusa. Mas a perda de audição "afeta milhões e milhões de cidadãos" e Raimundo acredita que não faltarão farmacêuticas interessadas em desenvolver um medicamento.

Licenciado em bioquímica em Lisboa, onde chegou a dar aulas, Raimundo rumou à Finlândia para trabalhar em investigação genética e daí veio para a prestigiada Universidade de Yale em 2008, especificamente para o projeto de estudo da surdez. O seu objetivo mais vasto é estudar a relação entre a célula e um órgão essencial destas, os mitocôndrios, as "baterias onde se gera a energia química que mantém as células a funcionar" e cuja "avaria" está ligada a problemas de coração, fígado ou músculos.

Notícia acedida em RTP

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