"O barulho é a tortura do homem de pensamento" (Schopenhauer)

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Dia Nacional da Prevenção e Segurança no Trabalho

Hoje, 28 de Abril, celebra-se:
  • Dia Nacional da Prevenção e Segurança no Trabalho – Portugal
  • Dia Internacional da Segurança e Saúde no Trabalho – OIT (Organização Internacional do Trabalho)
  • Dia Internacional em Memória dos Trabalhadores Vítimas de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais – CSI-ETUC
A UGT (União Geral de Trabalhadores) em consonância com todos os parceiros da CSI (Confederação Sindical Internacional) e todos aqueles que se associam a esta efeméride salientam que esta jornada representa um momento de reflexão ímpar no mundo do trabalho e na sociedade em geral.
Segundo dados da OIT anualmente perdem a vida mais de 2 milhões de trabalhadores, ocorrem cerca de 270 milhões de acidentes de trabalho, mais de 1 milhão de trabalhadores ficam incapacitados e cerca de 160 milhões contraem doenças por causas directamente relacionadas com o trabalho.

O balanço efectuado à sinistralidade laboral em Portugal na última década, antes da implementação da Estratégia Nacional para a Segurança e Saúde no Trabalho 2008 –2012, mais especificamente entre o período de 1998 a 2007, regista cerca de 2773 mortes de trabalhadores nos 2,269,243 acidentes de trabalho e que, por seu turno, também provocaram a perda de 58, 230, 087 dias de trabalho.

Segundo dados da ACT (Autoridade para as Condições de Trabalho), em 2010, ocorreram 88 acidentes mortais, sendo que 35 destes acidentes se verificaram no sector da construção civil, tendo sido as quedas em altura a principal causa de mortalidade laboral, responsáveis por 32 mortes no trabalho.

Relativamente a doença profissional, os dados disponíveis são relativos ao ano 2008, tendo sido certificado um total de 4841 novos casos de doença e 132 óbitos cuja morte esteve relacionada com doença profissional. As doenças de maior incidência foram as músculo-esqueléticas que no seu conjunto representaram cerca de 66,32% (2925 doenças), seguidas das doenças da audição – surdez profissional – que representaram 12,97% (572 casos) do total.



Vamos celebrar este dia alertando para a necessidade de uma nova cultura de segurança!
É necessário consciencializar que a segurança traz benefícios e não deve ser vista como um custo!
A higiene e segurança é necessária em todas as empresas e em todas as fases, desde o projecto à avaliação de riscos!
A prevenção cabe a todos e é para todos!
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sábado, 23 de abril de 2011

O enfraquecimento do ouvido e as suas causas

Neste blogue, tem vindo a ser abordado o ruído como causa da perda auditiva. No entanto, no sentido de completar o repertório de causas que podem levar à perda auditiva, pensou-se referir outros factores que podem estar na origem das referidas perturbações. Diversas doenças circulatórias, alterações metabólicas e otites são responsáveis pelo enfraquecimento da capacidade auditiva, no entanto é a deterioração devido à idade a que mais frequentemente leva a este problema, verificando-se que depois dos 65 anos, 3 em cada 10 pessoas têm problemas auditivos. Apesar disso, importa salientar que é o ruído que merece presença no banco dos réus.

  • Idade

As estatísticas indicam que em Portugal, mais de 30% da população com idade superior a 65 anos sofre de problemas auditivos mais ou menos graves, como consequência do avançar dos anos. A diminuição da capacidade de audição é a perturbação mais comum na terceira idade.

  • Ruído

O ruído é a primeira causa de invalidez profissional (50-60% dos pensionistas). No entanto, um estudo levado a cabo em Lisboa demonstrou que existe já uma significativa diminuição da audição em menores de 18 anos. Um professor de Audiologia refere “Devíamos rever a teoria de que a diminuição da audição é própria de uma cidade industrializada. Já não é só a idade que conta, mas o tempo que lá se permaneceu exposto a barulho excessivo.” De facto a lei considera 65 Decibéis como o “máximo suportável sem danos para o ouvido” mas este limite é quebrado continuamente.

A ensurdecedora coluna sonora dos nossos dias não é só fastidiosa, tornando-se prejudicial. Para além disso, não é só o ouvido a sofrer sérias repercussões consequentes do excesso de ruído, mas todo o organismo.

  • Hereditariedade

Cerca de um terço dos deficientes auditivos nascem com a perturbação, devendo-se a mesma a factores hereditários, nomeadamente, um gene recentemente descoberto, a connexina 26. Com isto, compreende-se que se na família houver algum caso de surdez, existe a possibilidade de transmissão aos filhos.

  • Infecção
Diversas doenças bacterianas e virais (escarlatina, sarampo, meningite, entre outras) podem afectar o ouvido e provocar a perda de audição mais ou menos grave. A otite é uma doença frequente na infância e, quando não é adequadamente tratada, pode causar uma surdez irreversível.

  • Otosclerose

Trata-se de uma doença que provoca a perda de mobilidade dos ossos do ouvido médio, o que, consequentemente, leva a que as vibrações transmitidas pelo ouvido interno não se (re)produzam adequadamente, como num ouvido saudável, e, por conseguinte, diminui a capacidade de percepção auditiva.

  • Medicamentos, tabaco e alcóol

Está provado que alguns medicamentos podem exercer uma acção negativa nos diversos órgãos do sistema auditivo, designando-se por ototóxicos, o que significa que são tóxicos para o ouvido. Também o álcool e o tabaco podem exercer este tipo de efeitos nocivos.


Informação acedida e adaptada a partir de: “O guia Amplifon para a audição”, Lisboa: AMPLIFON

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sábado, 16 de abril de 2011

A saúde vocal dos professores

Hoje, 16 de Abril, comemora-se o dia mundial da Voz. A voz pode ser definida como o som produzido pela vibração das pregas vocais (também conhecidas como cordas vocais), na laringe, pelo ar vindo dos pulmões.

As alterações/distúrbios da voz podem estar relacionadas à inadequada competição sonora nos contextos ambientais nos quais as pessoas se inserem, decorrente dos elevados níveis de ruído. Têm sido desenvolvidas pesquisas que reconhecem e avaliam o ruído nos diferentes locais de trabalho, relacionando-o aos distúrbios vocais, bem como seus possíveis efeitos na saúde do trabalhador e produtividade do mesmo.

A actividade profissional revela-se um factor de risco para o surgimento de lesões que acometem as estruturas corporais. Essas lesões podem afectar a realização plena das actividades profissionais, gerando, por vezes, incapacidades temporárias ou permanentes, podendo, nos casos mais graves, levar ao afastamento definitivo das actividades profissionais.

Os profissionais da voz, isto é, indivíduos que têm como instrumento de trabalho a voz, da qual dependem para exercer a sua profissão (entre os quais: Cantores, Actores, Professores, Pastores e Padres, Advogados, Juízes, Promotores, Repórteres, Operadores de telemarketing, Políticos, etc.) constituem profissionais de risco relativamente à saúde vocal. Ora se estes profissionais laborarem em ambientes ruidosos, maiores serão as probabilidades de ocorrerem danos relacionados com problemas vocais, em virtude da necessidade de concorrência da voz com os ruídos do contexto.

Gonçalves, Silva & Coutinho (2009) desenvolveram um estudo que correlaciona o ruído com a ocorrência de problemas vocais em professores, o qual considerei pertinente divulgar no âmbito do Dia Mundial da Voz. Os autores apontam que os professores estão entre os dez profissionais que mais procuram ajuda médica devido a problemas vocais.

A intervenção em Terapia da Fala torna-se uma ajuda importante importante, mas não constitui uma solução, pois o professor, depois de afastado e recuperado, volta às mesmas condições de ambiente de trabalho ruidosas que exigem o esforço acrescido que está na causa do problema.

A inteligibilidade de fala é definida como a relação entre palavras faladas e palavras entendidas expressa em porcentagem. Para que a comunicação seja efectiva e inteligível, a inteligibilidade da fala deve ser superior a 90% (Nepomuceno, 1994 cit in Gonçalves, Silva & Coutinho, 2009). Para palavras fáceis, a inteligibilidade de 100% das mesmas exige uma intensidade de voz de 10 dB(A) acima do ruído de fundo.

O ruído acima de 60 dB(A) exige ao professor a elevação do nível de intensidade de sua voz para que os alunos o ouçam e compreendam. Naturalmente que este nível elevado causará fadiga, além de levar à utilização esforçada e excessiva das pregas vocais de quem fala, potenciando o desenvolvimento de patologias como nódulos vocais, que irão interferir directamente no seu nível de desempenho. Com o passar dos anos, o professor começa a percepcionar sinais deste abuso vocal, entre os quais rouquidão e dores ao nível da laringe, além de outros problemas indirectos tais como efeitos psicológicos pela incapacidade de exercer a função de maneira adequada e efeitos colaterais diversos como dores de cabeça.Por outro lado, a concorrência de estímulos sonoros compromete as condições de concentração para actividades mentais e psicológicas dos alunos que o escutam (Pimentel-Souza, 1992 cit in Gonçalves, Silva & Coutinho, 2009).

De acordo com o estudo, 91,9% dos professores afirmaram que ao ministrar as aulas o ruído é efectivamente um problema que interfere no seu desempenho profissional, tendo 94,6% dos professores afirmado que deste modo sentem necessidade de aumentar o seu tom de voz para que haja inteligibilidade de fala na sala de aula. Os professores citam sintomas como desgaste vocal (51,4%), dores de garganta (83,8%), voz rouca (81,1%), dores de cabeça (48,6%) e stress (83,8%) como decorrentes do desgaste físico provocado pelo ruído em sala de aula. Diante deste fato, conclui-se que o ruído é o grande causador de desgaste e fadiga vocal dos professores, além de contribuir para a queda de produtividade dos profissionais bem como do rendimento dos alunos.

Nessa pesquisa foi possível concluir que em 97,30% das salas de aula avaliadas os níveis de ruído encontravam-se acima dos limites padrão aceitáveis exigidos pelas entidades competentes.

Torna-se necessário tomar as devidas precauções, as quais passam por manter hábitos de uma boa saúde vocal, eliminar, se possível, as fontes de ruído desnecessárias e, também, procurar promover um melhor isolamento sonoro nas salas de aulas de modo a evitar que as ondas sonoras sejam reflectidas, condicionando a compreensão do que é dito e exigindo que o professor fale mais alto.

Brevemente colocarei algumas sugestões para preservar a saúde vocal.


Informação acedida em:
Gonçalves, V.; Silva, L. & Coutinho, A. (2009). Ruído como agente comprometedor da inteligibilidade de fala dos professores. Produção, v.19, n.3, pp. 466-447
Imagem acedida em:
http://www.brasilescola.com/upload/e/voz%20de%20professor.jpg

domingo, 10 de abril de 2011

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Músicos de Rock: profissionais em risco

O ruído é um dos principais agentes físicos presentes nos ambientes de trabalho pelo que se torna um dos maiores focos de atenção por parte dos profissionais de higiene e segurança da saúde do trabalhador.

Todos os sons têm potencial de serem descritos como ruído, pois a classificação de ruído trata-se de algo subjectivo, sendo a sua distinção referente ao facto de ser ou não desejável. Todavia, a denominação ruído é utilizada para descrever um sinal acústico aperiódico, originado da superposição de vários movimentos de vibração, com diferentes frequências, as quais não apresentam relação entre si.

A música é considerada como um som agradável. Sons prazerosos (como a música) são menos perigosos do que os sons não desejados (como o ruído industrial), mas não deixam de ser um factor de risco para perdas auditivas.

O estudo de Pfeiffer, Rocha, Oliveira & Frota (2007) tem como objectivo verificar a mudança temporária do limiar de audição em músicos durante um concerto de rock. Foram avaliados seis músicos, componentes de uma banda de rock, do sexo masculino, com idades variando entre 20 e 30 anos. Constatou-se que a exposição a elevados níveis de pressão sonora leva à ocorrência de certos efeitos físicos, como a insónia após o trabalho, a perda auditiva temporária e aparecimento do zumbido, apontados pelos músicos da amostra do estudo após o concerto.

Em 2004, foi estudada a diminuição da audição em DJ’s, por meio da audiometria tonal e da aplicação de um questionário. A pesquisa foi realizada com o objectivo de constatar a mudança temporária de limiar desses profissionais após uma noite de trabalho. Comprovou-se que estes profissionais devem ser inseridos no grupo de trabalhadores com risco de perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevados.

Nesta pesquisa, foi possível encontrar uma diferença estatisticamente significante dos níveis mínimos de audição antes e após o concerto. Tais diferenças revelam que a configuração das perdas auditivas induzidas por música aparenta uma alteração primária nos limiares entre 3000 Hz e 6000 Hz. Assim, compreende-se que os músicos podem apresentar mudanças temporárias de limiar auditivos, isto é, a alteração do reflexo acústico e redução na capacidade das células auditivas captarem e decifrarem a energia sonora que as atinge. Esta situação, a longo prazo poderá tornar-se numa perda auditiva induzida por ruído (PAIR), podendo verificar-se lesões que afectem algumas ou mesmo todas as estruturas do aparelho auditivo.

Por estas razões, os músicos devem ser considerados profissionais de risco para perda auditiva ocupacional. Sendo a perda auditiva ocupacional irreversível, mas passível de prevenção, torna-se necessária a divulgação desta informação entre estes profissionais.

Embora este estudo tenha sido feito com um número restrito de músicos, focando apenas um determinado tipo de música, considera-se que foi um passo na compreensão desta temática. Apesar disso, é necessário realizar mais pesquisas com uma amostra maior e envolvendo outras modalidades musicais.


Texto reduzido e adaptado a partir de:

Pfeiffer, M.; Rocha, R.; Oliveira, S.; Frota, S. (2007) Intercorrência audiológica em músicas após um show de rock. Revista CEFAC vol.9 no.3 São Paulo

Imagem acedida em:

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domingo, 3 de abril de 2011

Dependência do ruído!


Exposição constante a sons altos pode levar à dependência

Buzinas de carros, prédios em construção, aviões a rasgar os céus, pessoas a falarem alto, máquinas em funcionamento. Este costuma ser o retrato sonoro de grandes centros urbanos onde vigora o excesso de barulho.

Porque será, então, tão comum ver os moradores desses centros urbanos fugirem ao silêncio? Seja no som do carro, no bar/discoteca ou no leitor de MP3, muita gente procura precisamente estar rodeada de som. A explicação para o paradoxo passa por estímulos químicos. Segundo alguns especialistas, da mesma forma que o exercício e o chocolate, o som liberta no organismo substâncias que geram prazer. O que pode mesmo levar a que algumas pessoas se tornem dependentes de barulho.

Um ruído de 55 decibéis (nível de uma conversa normal) já dá início a um aumento na produção de noradrenalina, afirma Fernando Pimentel-Souza, doutor em psicofarmacologia pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Por volta de 80 decibéis (equivalente ao ruído de tráfego intenso), tem início a libertação de endorfina. O problema instala-se quando a exposição constante a esses estímulos leva a um quadro crónico.

"A endorfina é analgésica, suprime a dor, suprime a punição que a pessoa sofre, e isso é condicionante de comportamento. Quanto à noradrenalina, ela é prazerosa, o que leva a pessoa a repetir esse tipo de comportamento. Esses mediadores químicos provocam activação cerebral e combatem a depressão nervosa. Quando a pessoa vive num ambiente barulhento, ela está a ser estimulada artificialmente de forma constante e, ao se privar desse barulho, tem a sensação de depressão. Ela fica dependente do barulho que, de certa forma, age farmacologicamente no organismo", explica.

Os neurotransmissores, incluindo a endorfina, são necessários para a passagem do som pelas células nervosas, afirma Luiz Carlos Alves de Sousa, presidente da Sociedade Brasileira de Otologia. "O prazer é químico. O som dispara um gatilho de sensações boas, e a pessoa fica dependente disso."

O estudante André Mirabeli Sanches, 23, ouvia música no volume máximo, e só assim o som lhe causava prazer. "O cérebro parecia ficar anestesiado." A diversão levou-o a instalar no carro um sistema de som "subwoofer". "Sabe aqueles carros que passam fazendo um bum-bum-bum bem grave? É isso", descreve. O ouvido direito de André não aguentou e aos 20 anos, ele descobriu que tinha perdido parte da audição. O problema veio acompanhado de outro sintoma: a hipersensibilidade auditiva. "É como se os sons chegassem amplificados", diz.

Segundo a fonoaudióloga Eliane Schochat, presidente da Academia Brasileira de Audiologia e professora da USP (Universidade de São Paulo), a hiperacusia acomete a maioria das pessoas com perda auditiva de origem coclear (cóclea é a parte anterior do labirinto).

Devido à hipersensibilidade, André pegou o hábito de tapar os ouvidos com as mãos ao andar nas ruas, além de usar protetores de borracha. O problema afectou o contacto com os seus amigos, pois a diversão está geralmente associada a barulho. "Após o trauma, a vida social ficou difícil. Meus amigos chamavam para a balada, e eu inventava desculpas para não ir.". Se ele sabia que o som alto poderia levar à perda auditiva? Sim. "Todo mundo sabe, mas ninguém se importa. Até passar por uma situação traumática."

Vício: De acordo com o psiquiatra Aderbal Vieira Jr., co-responsável pelo ambulatório de dependências não-químicas do Proad (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes), da Unifesp, um vício pode ser identificado por dois aspectos: o uso disfuncional de alguma coisa, que tanto pode ser uma droga como um jogo, e a incapacidade de se separar daquilo espontaneamente. "É diferente de quem faz muito alguma coisa, mas pára quando quer."



No fim dos anos 90, pesquisadores norte-americanos mostraram que a música também pode causar vício. A equipe, liderada por Mary Florentine, professora de audiologia na Northeastern University, aplicou a um grupo de 90 pessoas um questionário para saber como estas se relacionavam com música alta -as questões eram adaptadas de um exame para diagnosticar alcoolismo. A conclusão foi que cerca de 10% dos entrevistados tinham, em relação à música, o mesmo comportamento que os alcoólatras têm com o álcool.

O estudo não encontrou relação entre o resultado e a idade dos participantes ou o tipo de música que eles ouviam. Apesar de os adolescentes serem mais associados a barulho, os efeitos do sons no organismo são os mesmos em quase todas as faixas etárias. "Crianças pequenas, abaixo de cinco anos, são mais susceptíveis porque não têm a neuromaturação necessária. Depois dessa faixa etária, é tudo a mesma coisa", afirma Schochat.

Efeito emocional: Para Vieira Jr., a liberação de neurotransmissores é uma explicação insuficiente. "Quando falamos de uma sensação prazerosa com som, não sei se o que está por trás é o efeito físico auditivo ou o prazer estético de uma boa experiência. Acho que se trata menos de um fenómeno fisiológico e mais da mensagem que esse fenómeno passa", diz. Segundo o psiquiatra, "tudo que é prazeroso pode levar a um vício", e quando a pessoa sente que perdeu o controle sobre a situação, o ideal é procurar um terapeuta para o diagnóstico. Algumas pessoas também conseguem restabelecer os limites sozinhas.

O engenheiro mexicano Fernando Elizondo Garza, do laboratório de acústica da Universidad Autónoma de Nuevo Léon, dedica-se ao estudo das funções sociais do som e ressalta que a busca por barulho não é necessariamente um vício - pode ser, diz, até como uma forma de se "proteger" de outros ruídos. Ele cita, por exemplo, que, num local silencioso, sons eventuais como uma buzina podem atrapalhar a concentração. Por isso, há quem adquira o hábito de estudar ou dormir com música: ela gera um fundo acústico que minimiza o impacto dos barulhos do exterior.

O fotógrafo Fernando Contin Pilatos, 28, integra o grupo que só dorme assim. "Já fiz o teste. Não consigo dormir sem o rádio ou a TV ligados", conta.

"Estou certo de que pessoas com esse hábito moram em casas ou bairros onde há muito barulho. Como não podem controlar esses ruídos e têm quase certeza de que não haverá silêncio, preferem dormir com o barulho, mesmo que isso signifique um descanso menor." Além disso, afirma Garza, o som pode ser uma ferramenta de isolamento, como no uso do leitor de MP3, e de aproximação social, como numa festa. Em outros casos, o próprio som pode fazer "companhia".

Independentemente dos motivos que levam à busca por barulho, a exposição a sons altos gera danos. "As pessoas necessitam evitar a exposição ao ruído quando ela não é "obrigatória", como nos momentos de lazer", diz Schochat.Além disso, diz ela, é importante fazer exames anuais para avaliar a audição, da mesma forma como muitas já fazem com a visão.


Informação acedida em:

http://www.vocalis.com.br/saude_vocal/arq/060831_chega_de_barulho.html