"O barulho é a tortura do homem de pensamento" (Schopenhauer)

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Músicos de Rock: profissionais em risco

O ruído é um dos principais agentes físicos presentes nos ambientes de trabalho pelo que se torna um dos maiores focos de atenção por parte dos profissionais de higiene e segurança da saúde do trabalhador.

Todos os sons têm potencial de serem descritos como ruído, pois a classificação de ruído trata-se de algo subjectivo, sendo a sua distinção referente ao facto de ser ou não desejável. Todavia, a denominação ruído é utilizada para descrever um sinal acústico aperiódico, originado da superposição de vários movimentos de vibração, com diferentes frequências, as quais não apresentam relação entre si.

A música é considerada como um som agradável. Sons prazerosos (como a música) são menos perigosos do que os sons não desejados (como o ruído industrial), mas não deixam de ser um factor de risco para perdas auditivas.

O estudo de Pfeiffer, Rocha, Oliveira & Frota (2007) tem como objectivo verificar a mudança temporária do limiar de audição em músicos durante um concerto de rock. Foram avaliados seis músicos, componentes de uma banda de rock, do sexo masculino, com idades variando entre 20 e 30 anos. Constatou-se que a exposição a elevados níveis de pressão sonora leva à ocorrência de certos efeitos físicos, como a insónia após o trabalho, a perda auditiva temporária e aparecimento do zumbido, apontados pelos músicos da amostra do estudo após o concerto.

Em 2004, foi estudada a diminuição da audição em DJ’s, por meio da audiometria tonal e da aplicação de um questionário. A pesquisa foi realizada com o objectivo de constatar a mudança temporária de limiar desses profissionais após uma noite de trabalho. Comprovou-se que estes profissionais devem ser inseridos no grupo de trabalhadores com risco de perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevados.

Nesta pesquisa, foi possível encontrar uma diferença estatisticamente significante dos níveis mínimos de audição antes e após o concerto. Tais diferenças revelam que a configuração das perdas auditivas induzidas por música aparenta uma alteração primária nos limiares entre 3000 Hz e 6000 Hz. Assim, compreende-se que os músicos podem apresentar mudanças temporárias de limiar auditivos, isto é, a alteração do reflexo acústico e redução na capacidade das células auditivas captarem e decifrarem a energia sonora que as atinge. Esta situação, a longo prazo poderá tornar-se numa perda auditiva induzida por ruído (PAIR), podendo verificar-se lesões que afectem algumas ou mesmo todas as estruturas do aparelho auditivo.

Por estas razões, os músicos devem ser considerados profissionais de risco para perda auditiva ocupacional. Sendo a perda auditiva ocupacional irreversível, mas passível de prevenção, torna-se necessária a divulgação desta informação entre estes profissionais.

Embora este estudo tenha sido feito com um número restrito de músicos, focando apenas um determinado tipo de música, considera-se que foi um passo na compreensão desta temática. Apesar disso, é necessário realizar mais pesquisas com uma amostra maior e envolvendo outras modalidades musicais.


Texto reduzido e adaptado a partir de:

Pfeiffer, M.; Rocha, R.; Oliveira, S.; Frota, S. (2007) Intercorrência audiológica em músicas após um show de rock. Revista CEFAC vol.9 no.3 São Paulo

Imagem acedida em:

http://assets.bizjournals.com/denver/blog/broadway_17th/2010/11/GuitarRockConcertWeb*275.jpg?v=1

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